Glaucoma – tudo o que precisa de saber acerca da segunda maior causa de cegueira

O glaucoma é uma doença grave dos olhos que afecta a tensão ocular.

O glaucoma é a segunda maior causa de cegueira no mundo1. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 4,5 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de cegueira decorrente do glaucoma. Estima-se que este número aumentará para 11,2 milhões de pessoas até 2020. Trata-se de um aumento de 149% — são mais 6,7 milhões de pessoas que podem estar a correr o risco de perder a visão devido a esta "doença silenciosa", sem terem conhecimento da sua situação.2 A MELHOR VISÃO explica-lhe tudo o que precisa de saber sobre este grupo de doenças dos olhos e tensão ocular, bem como as causas, factores de riscos, métodos de despistagem e tratamentos associados ao glaucoma.

O que é o glaucoma?

O glaucoma é uma doença complexa que pode assumir várias formas. Em geral, pode ser definido como uma lesão no nervo que liga o olho ao cérebro (conhecido como nervo óptico), provocada principalmente por uma tensão ocular (pressão intra-ocular), que afecta seu campo visual e sua acuidade visual.
O risco de desenvolver glaucoma é seis vezes maior em pessoas com mais de 60 anos.

Para compreender melhor como ocorre a lesão no nervo óptico, observemos o funcionamento do olho:

O corpo ciliar produz, na câmara anterior, um líquido transparente e aquoso (chamado de humor aquoso) que alimenta várias partes do olho, inclusive o cristalino, a córnea e os tecidos oculares. Este líquido é então drenado do olho através de uma estrutura esponjosa chamada malha trabecular e escoado para os vasos sanguíneos através do canal de Schlemm.

Na maioria das vezes, o glaucoma afecta o canal de Schlemm ou a malha trabecular, prejudicando a drenagem do humor aquoso. Este processo pode ser comparado a uma barragem de betão: se a água bombeada não puder ser drenada, a acumulação de água fará com que a pressão aumente e a barragem acabará por se romper. Do mesmo modo, quando o canal de Schlemm ou a malha trabecular estão obstruídos, o humor aquoso acumula-se e a tensão ocular aumenta. Esta pressão elevada lesiona o nervo óptico e afecta a sua visão.

Desenvolvimento do glaucoma

Olho saudável
Olho saudável
Olho com glaucoma: a tensão ocular aumenta e lesiona o nervo óptico.
Olho com glaucoma: a tensão ocular aumenta e lesiona o nervo óptico.

Existem duas categorias de glaucoma: o glaucoma de ângulo fechado e o glaucoma de ângulo aberto. Cada categoria é determinada pela posição da lente ocular e da íris em relação à malha trabecular3, o que determinará como o humor aquoso será drenado do olho.

Glaucoma de ângulo fechado

No glaucoma de ângulo fechado, o ângulo entre a íris e a córnea é reduzido ou bloqueado, ou a malha trabecular é lesionada, o que provoca uma acumulação do humor aquoso e um aumento repentino da pressão ocular. Isto provoca uma dor intensa nos olhos e é considerado uma emergência médica que precisa de ser tratada imediatamente para evitar que ocorra a cegueira.

No glaucoma primário de ângulo fechado, não é possível identificar uma causa para o aumento da tensão ocular, a qual pode ocorrer simplesmente devido à forma como o olho está estruturado. Se houver uma causa secundária, como uma doença subjacente, uma lesão, uma inflamação ou diabetes mellitus que provoquem um aumento súbito da tensão nos olhos, o glaucoma é considerado secundário e de ângulo fechado.

Glaucoma de ângulo aberto

No glaucoma de ângulo aberto, o ângulo de escoamento entre a íris e a córnea é mais largo e aberto, porém, existe uma obstrução nos canais de drenagem. Essa obstrução faz com que o líquido (humor aquoso) atravesse muito lentamente a malha trabecular, comprometendo a drenagem. Em consequência disso, a tensão ocular aumenta gradualmente, podendo lesionar o nervo óptico e provocar cegueira. Os sintomas não são detectados de imediato e, muitas vezes, nem chegam a ser detectados.

O glaucoma de ângulo aberto é a forma mais comum deste tipo de doença oculares, contabilizando no mínimo 90% dos casos de glaucoma, segundo informações da Glaucoma Research Foundation (fundação de investigação em matéria de glaucoma).

À semelhança do que ocorre com o glaucoma de ângulo fechado, o glaucoma de ângulo aberto pode ser dividido em primário e secundário.

Glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA)

Esta categoria inclui formas de glaucoma em que existe uma obstrução lenta sem causa secundária claramente identificada.

Entre os factores de risco do GPAA estão:

  • Aumento da tensão ocular
  • Idade (60 anos ou mais)
  • Factores genéticos como histórico familiar de glaucoma
  • Etnia: pessoas com ascendência hispânica ou africana apresentam um maior risco de desenvolver GPAA4
  • Miopia: as pessoas míopes têm um maior risco de desenvolver GPAA5
  • Diabetes mellitus
  • A toma de determinados medicamentos para doenças crónicas
  • Apneia do sono.

Glaucoma secundário de ângulo aberto (GSAA)

Nesta categoria, a obstrução dos canais de drenagem tem uma causa directa.

Entre os factores secundários que podem provocar GSAA estão:

  • Cirurgia
  • Traumatismo
  • A toma de medicamentos como a cortisona
  • Factores congénitos que se manifestam à nascença, ou antes
  • Quadros como pseudoexfoliação (uma acumulação anormal de proteína nas estruturas oculares) e a síndrome de dispersão pigmentar (que provoca glaucoma pigmentar)
  • Distúrbios inflamatórios dos olhos (uveíte)
  • Obstrução mecânica provocada por um aumento na espessura do cristalino (glaucoma facomórfico).

Qual é o impacto do glaucoma na visão?

Com excepção de um aumento súbito da tensão ocular e da dor extrema presente no glaucoma de ângulo fechado, o glaucoma geralmente só é detectado após ter causado lesões no nervo óptico e na retina. Na verdade, pacientes com glaucoma primário de ângulo aberto raramente apresentam sintomas visuais, pelo menos no início da doença.6

O glaucoma compromete a visão periférica (lateral) e entre os sintomas perceptíveis estão a visão em túnel, o estreitamento do campo visual, a visão com anéis coloridos ao olhar para fontes de luz intensa e uma perda generalizada da acuidade visual e da percepção dos contrastes. Às vezes, também provoca o desaparecimento de partes do campo visual. O glaucoma pode afectar ambos os olhos ou apenas um e, se não tratado, pode levar à perda total da visão.

Visão normal Visão afectada pelo glaucoma
Visão normal
Visão afectada pelo glaucoma

Trata-se de uma doença que pode ser descrita como silenciosa, pois mesmo quando a visão é afectada, o cérebro é programado para se adaptar a novas circunstâncias e preencherá as informações ausentes. Assim, a pessoa continua alheia aos sintomas.

Prevenção do glaucoma

Não há como prevenir o glaucoma, mas se controlar os factores de risco associados a esta doença dos olhos, a cegueira pode ser evitada.

Os indivíduos em risco de desenvolver glaucoma devido, por exemplo, à etnia, diabetes, histórico familiar ou idade devem realizar rastreios de glaucoma regulares.

Os factores associados ao estilo de vida pessoal também podem influenciar. O risco de desenvolver glaucoma pode ser reduzido eficazmente através do controlo da pressão arterial e da apneia do sono e da monitorização do tratamento com cortisona com a ajuda de um profissional de saúde.

Entre os sinais de alerta que devem ser observados estão:

  • Dores de cabeça crónicas
  • Visão desfocada
  • Dor na zona posterior do olho
  • Olhos lacrimejantes

Se apresentar um ou mais destes sintomas, consulte o seu especialista da visão e solicite um teste de glaucoma.

Com que frequência deve examinar a tensão ocular?

Todos devemos realizar  exames oftalmológicos regularmente, incluindo o rastreio do glaucoma, no mínimo, uma vez a cada dois anos, principalmente após os 40 anos. O risco de desenvolver glaucoma é ainda maior após os 60 anos, pelo que deve consultar o seu especialista da visão acerca da frequência dos rastreios.
 
Se usa óculos, provavelmente o seu especialista da visão verifica se apresenta sinais de glaucoma a cada consulta para verificar a graduação das lentes. Contudo, se não tiver problemas visuais, a probabilidade de ser examinado regularmente é menor. Esteja atento para esse facto e comprometa-se a consultar um  especialista da visão perto de si para realizar um rastreio, mesmo que não use óculos.
 
Caso sofra de diabetes, tenha mais de 60 anos ou apresente um histórico familiar de glaucoma, deve submeter-se a um rastreio uma vez por ano.

Em que consiste um rastreio de glaucoma?

Existem várias formas de se diagnosticar o glaucoma, e o seu especialista da visão pode usar uma combinação de testes para verificar se tem a doença.

Tonometria

A tonometria é o exame de rotina mais comummente realizado por especialistas da visão para medir a tensão interna nos olhos. Um instrumento chamado tonómetro emite um pequeno sopro de ar na direcção do olho, medindo a sua tensão. Este exame não é doloroso nem invasivo e leva apenas alguns minutos, mas, ainda assim, pode sentir um pequeno desconforto.

Com a leitura do tonómetro, o especialista da visão pode interpretar os valores. Embora a tensão ocular varie de pessoa para pessoa, segundo a Glaucoma Research Foundation (fundação de investigação em matéria de glaucoma), a faixa de pressão normal geralmente encontra-se entre 12 e 22 mm Hg, mas a maioria dos casos de glaucoma é diagnosticada acima de 20 mm Hg.

É preciso lembrar que uma leitura tonométrica mostra um valor aproximado da tensão ocular num determinado momento. Tal como a pressão arterial, a tensão ocular pode variar entre uma leitura e outra.

O seu especialista da visão poderá fornecer-lhe as informações exactas referentes à interpretação dos seus valores tonométricos e, se algo parecer incomum, deverá indicar-lhe um oftalmologista.

O ZEISS VISUPLAN 500 realiza o rastreio do glaucoma de maneira fácil, mediante um sopro de ar suave, sem a necessidade de anestesia ou de contacto com o olho.
O ZEISS VISUPLAN 500 realiza o rastreio do glaucoma de maneira fácil, mediante um sopro de ar suave, sem a necessidade de anestesia ou de contacto com o olho.

Fundoscopia e fotografias do fundo de olho

Neste exame, é aplicado um colírio para dilatar as pupilas e, em seguida, os olhos são examinados com o auxílio de um dispositivo chamado fundoscópio ou fotografados usando tecnologia para captura de imagem de retina para ampliar o nervo óptico. Se algo parecer suspeito, poderá ter de realizar mais exames.

Isto pode acontecer se a sua leitura tonométrica acusar tensão elevada nos olhos, se tiver um histórico familiar ou se correr risco de desenvolver glaucoma. O especialista da visão pode também realizar uma fundoscopia como parte dos exames de rotina.

Imagiologia avançada

Como o glaucoma é uma doença complexa com múltiplas causas e sintomas, o seu especialista da visão poderá realizar uma combinação de exames abrangentes. Entre os exames mais detalhados estão o teste de campo de visão, a imagiologia da retina ou a tomografia de coerência óptica (OCT) e a paquimetria para medir a espessura da córnea.

Tratamento do glaucoma

O glaucoma exige tratamento individualizado e, ao contrário da simplicidade da cirurgia de  cataratas, por exemplo, não existe um tratamento de glaucoma comum ideal.

Tensão-alvo

Após o diagnóstico, o seu especialista da visão decidirá que medidas tomar de acordo com a sua situação em particular. No entanto, o procedimento habitual consiste em calcular uma tensão-alvo ideal e tentar controlar ou diminuir a tensão ocular para atingir essa meta. Isto pode ser feito por via clínica, com colírios ou medicação, ou por via cirúrgica, ou ainda combinando ambas as opções.

Entre os métodos cirúrgicos estão:

  • Cirurgia a laser – é utilizado um laser para desobstruir a malha trabecular.
  • Cirurgias minimamente invasivas para glaucoma – cirurgias realizadas com pequenos dispositivos que efectuam cortes microscópicos para a colocação de um bypass ou para a desobstrução dos canais. Este tipo de cirurgia é rápido, com poucas complicações e de rápida recuperação.
  • Cirurgias convencionais – quando é feito um corte para abrir o canal e reduzir a pressão. Entre elas estão a trabeculectomia, a esclerectomia, a viscocanalostomia e a canaloplastia. Consulte o seu especialista da visão ou oftalmologista para obter mais informações.
  • Cirurgia para implante de tubo – quando é implantado um tubo permanente no olho para drenar o humor aquoso e controlar a pressão.

Em geral, as hipóteses de recuperação do glaucoma após a cirurgia podem ser boas se todos os factores contribuintes forem administrados, mas, infelizmente, a lesão do nervo óptico é irreversível.

Mudanças no estilo de vida

Além da cirurgia, o seu especialista da visão tratará do problema de maneira holística e poderá recomendar-lhe algumas alterações ao seu estilo de vida. É importante que forneça um histórico médico completo e mencione todos os seus hobbies e hábitos. Por exemplo, praticar yoga ou tocar um instrumento de sopro pode afectar a tensão ocular.
 
Conforme referido anteriormente, a diabetes mellitus, a pressão arterial (baixa ou alta) e a toma crónica de medicamentos devem ser controladas. Além disso, é recomendável não fumar, cultivar uma dieta saudável e praticar exercício físico regularmente
Este artigo tem como objectivo apenas apresentar uma visão geral do glaucoma. Em caso de dúvidas quanto ao glaucoma e ao seu diagnóstico, consulte sempre um oftalmologista.
 
A Dr.ª Marissa Willemse (MBChB (UP), FC(Ophth) SA, MMed (UL) é cirurgiã oftálmica e membro executivo da  Sociedade Sul-Africana de Glaucoma e forneceu um valioso contributo para a elaboração deste artigo.
 
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